Voz da Diocese – Domingo (26) - Esperança na Ressurreição
Minha
saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Chegamos ao 5º
Domingo da Quaresma, etapa final de nossa preparação para a Páscoa, com desejo
sincero de converter-nos à Pessoa de Jesus e à Proposta do Seu Evangelho. A
liturgia deste domingo faz um convite para que possamos crer, mais firmemente,
na Pessoa e na Proposta de Jesus, a fim de alcançarmos a Luz da Vida Plena, que
o próprio Jesus nos traz pela Sua morte e gloriosa Ressurreição.
Prezados
irmãos e irmãs. O povo de Israel, que vivia no exílio, estava em profunda crise
de fé e com sérios problemas sociais. Estava como que mortos, sentia-se com os
“ossos secos”, um povo sem vida. Por isso diziam: “Nossos ossos estão secos,
nossa esperança está desfeita. Para nós tudo está acabado” (Ez 37,11). Essa é,
hoje, a realidade de muita gente, que passa por dificuldades, especialmente,
problemas de saúde, da miséria e da fome, e não encontram saídas. A profecia de
Ezequiel apresenta-se como palavra portadora de esperança, na qual o povo de
Israel, exilado, devia confiar. Deus, por meio do profeta Ezequiel dizia-lhes:
“Vou abrir as vossas sepulturas, vos farei sair delas e vos conduzirei para a
terra de Israel. Porei em vós o meu espírito para que vivais” (Ez 37,12.14). A
palavra do profeta, que fala em nome de Deus, é uma palavra vivificadora, que
renova a esperança do povo exilado e sofredor. Confiar em Deus é ter a certeza
de que não se está abandonado. Crer em Deus é também estar comprometido com a
causa do Reino Dele, o qual exige iniciativas de solidariedade com os
sofredores e desanimados.
Caríssimos
irmãos e irmãs. Na passagem do Evangelho, deste domingo, sobre o relato da
ressurreição de Lázaro, o sétimo sinal que Jesus realiza, narrado no Evangelho
de João, aponta para uma realidade mais profunda: a vitória de Jesus sobre a
morte e sua glorificação.
O
texto do Evangelho diz que Jesus era muito amigo de Marta, de Maria e de
Lázaro. Jesus estava exercendo seu ministério, quando mandaram dizer-lhe:
“Senhor, aquele que amas está doente” (Jo 11,3). Isto faz ver que o amor gera
confiança e solidariedade em situações difíceis. Quando Jesus chegou, Lázaro já
estava sepultado havia quatro dias. Para a família, quatro dias depois da morte
significava a perda total da esperança.
No
diálogo com Marta, Jesus a convida a crescer na fé. Para Marta, teria sido
necessário a presença física de Jesus para evitar a morte do irmão: “Senhor, se
tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11,21). Jesus
respondeu-lhe fazendo duas afirmações centrais: primeiro, em relação a seu
irmão - “Teu irmão ressuscitará” (Jo 11,23); depois, em relação a si mesmo -
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E
todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”. Disse,
então, Marta: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de
Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,25-27).
Diante
desta afirmação, Jesus mandou tirar a pedra que fechava o túmulo e mantinha
Lázaro preso à morte: “Tirai a pedra” (Jo 11,39)! O túmulo representa a
realidade de morte, na qual muitas pessoas estão presas. E a pedra que está
sobre ele é tudo aquilo que prende as pessoas e não as deixa se libertar. Marta
disse a Jesus que Lázaro, seu irmão, estava morto há quatro dias, na sepultura.
Isso significa que ela não via outra coisa senão a realidade da morte. A
Palavra de Jesus é imperativa, ordenando: “Lázaro, vem para fora!” (Jo 11,43)
Aquele que se apresentou como a Ressurreição e a Vida é portador de uma palavra
com uma força transformadora, tira da morte e restabelece a Vida. Além desta
ordem a Lázaro, Jesus mandou que os que estavam com ele o desatassem e o
deixassem caminhar (cf. Jo 11,44). Este apelo de Jesus é bem atual: tirar as
pedras que sufocam e prendem as pessoas na morte, desatar as amarras que
prendem as pessoas aos projetos que não constroem vida. A ordem de Jesus é
deixar as pessoas caminhar livremente. E “muitos” dos que “viram” “creram” em
Jesus (cf. Jo 11,45).
Caros
irmãos e irmãs. A profecia de Ezequiel renova a esperança, de uma vida nova, a
todos os sofredores. A ressurreição de
Lázaro revela que a vida venceu a morte, pelo poder Daquele que é o Senhor da
vida, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Crer nesta verdade que Jesus traz e
anunciá-la é condição para bem celebrar a Páscoa, nesse complexo contexto em
que estamos vivendo, da cultura da morte, presente, de modo especial, nas
situações de fome em que se encontram milhões de nossos irmãos. Que o Senhor
nos ajude e nos anime neste caminhar, com renovada esperança, balizada pela Sua
gloriosa Ressurreição.
Um
bom domingo a todos e que Deus os abençoe.
Por: Dom
Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS