Estudo aponta ineficácia de medicamentos usados para HIV e hepatite C na redução da carga viral da COVID-19
(Foto: Divulgação Beneficência Portuguesa)
Durante a pandemia, uma pesquisa da Coalizão COVID-19 Brasil investigou a ação do atazanavir, sofosbuvir e daclatasvir como drogas reposicionadas, a fim de minimizar o tempo e os recursos necessários para o desenvolvimento de novos medicamentos
A
Coalizão COVID-19 Brasil — aliança para condução de pesquisas, formada por
Hospital Israelita Albert Einstein, Hcor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital
Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP - A Beneficência Portuguesa
de São Paulo, o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira
de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) — conduz estudos clínicos sobre
tratamentos e os impactos do coronavírus na saúde. Um novo estudo foi publicado
pelo Lancet: Regional Health - Americas, fonte internacionalmente confiável de
conhecimento clínico e de saúde pública. O Coalizão IX - Revolution avaliou a
eficácia de antivirais reposicionados no tratamento da COVID-19.
Durante
a pandemia, se tornou fundamental acelerar a descoberta de medicamentos capazes
de tratar a infecção e reduzir as complicações e mortes de milhares de pessoas.
Assim, a partir dos resultados de um estudo pré-clínico realizado pela Fiocruz,
a Coalizão COVID-19 Brasil iniciou a investigação de medicamentos já utilizados
e aprovados para HIV (atazanavir) e hepatite C (sofosbuvir e daclatasvir) na
redução da carga viral do SARS-CoV2 em pacientes internados. O estudo,
conduzido em 35 centros no Brasil, com 255 participantes, concluiu que não houve
alteração significativa na inibição do vírus, em comparação com o placebo, após
10 dias de tratamento.
Com
uma metodologia inovadora, os pesquisadores puderam realizar uma investigação
de vários medicamentos simultaneamente, associada a uma progressão contínua de
um estágio para outro, sem interrupção, ganhando tempo e diminuindo custos.
Programado para três estágios, o Revolution tinha como primeiro objetivo
comparar a ação desses medicamentos isolados com o placebo na diminuição da
carga viral do SARS-CoV2. O segundo avaliaria se a combinação desses
medicamentos era melhor que o medicamento isolado. O terceiro, por fim,
testaria o melhor medicamento das duas fases anteriores (isolado ou combinado)
contra o placebo para analisar o desfecho clínico centrado no paciente de dias
livres de suporte respiratório.
O
estudo foi concluído no primeiro estágio, pois a regra pré-especificada não
permitia sua continuação para outros estágios, caso nenhum medicamento fosse melhor
que o placebo nessa fase.
Os
outros estudos da Coalizão COVID-19 Brasil que serão publicados
· Coalizão VIII – CARE – Avaliou se
anticoagulação com rivaroxabana previne agravamento da doença com necessidade
de hospitalização em pacientes não-hospitalizados com COVID-19. Foi finalizado
e submetido à publicação.
· Coalizão X – APOLLO – Avaliou se a
utilização de um anticoagulante oral (apixabana) em dose baixa poderia melhorar
a evolução clínica de pacientes não-hospitalizados com COVID-19 e risco
aumentado para eventos trombóticos.
Fonte:
Suzy Scarton – Moinhos Critério