Jovens também podem ter Parkinson?
(Foto: Depositphotos)
Parkinson
não é uma doença exclusivamente dos idosos: saiba quais são os sinais do
Parkinson precoce.
Mesmo
que muito raro, o Parkinson pode acometer tanto jovens, com menos de 21 anos, e
adultos jovens, antes dos 45 anos.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 8,5 milhões de pessoas no
mundo têm Parkinson – estima-se que 200 mil pessoas tenham essa patologia no
Brasil. Jovens adultos, que desenvolveram os sintomas de forma precoce, representam
aproximadamente 10% desse número. Já o Parkinson juvenil – quando os sintomas
se manifestam antes dos 21 anos de idade – é a manifestação mais rara da
doença.
O
Parkinson é causado por uma degeneração progressiva dos neurônios responsáveis
pela produção de dopamina, um neurotransmissor que ajuda na comunicação entre
as células nervosas e é primordial para o controle dos movimentos dos músculos.
Entre
os sintomas da doença, estão os conhecidos tremores, movimentos involuntários
de braços, pernas e cabeça. Além disso, os pacientes podem apresentar outros
sintomas, como episódios de tristeza, ansiedade, distúrbios de humor e do sono,
depressão, problemas urinários, sintomas gastrointestinais e dores. O
neurologista do Hospital Moinhos de Vento e presidente da Academia Brasileira
de Neurologia, Carlos Roberto de Mello Rieder, respondeu algumas perguntas
sobre o tema.
Jovens
também podem ter Parkinson?
Apesar
de extremamente raro, o Parkinson juvenil pode acometer pessoas com menos de 21
anos de idade. Também existe o considerado Parkinson de início precoce, que
pode surgir antes dos 45 anos de idade e atinge cerca de 5% a 10% da população
com a doença.
Quais
são os principais fatores de risco para o Parkinson?
O
fator de risco mais importante para o Parkinson é o envelhecimento. À medida
que se envelhece, maiores são os riscos de ter a doença de Parkinson,
especialmente acima dos 60 ou 65 anos, pacientes que representam entre 1% e 3%
da população acometida pela doença.
E
quais são os fatores de risco para o Parkinson precoce?
A
enfermidade que começa muito precocemente tem de ser investigada do ponto de
vista genético. O Parkinson juvenil, por exemplo, que inicia antes dos 21 anos
de idade, é fortemente marcado por componentes genéticos, assim como o
Parkinson de início precoce, que pode aparecer antes dos 45 anos, também têm
vários genes relacionados à doença. Nesta faixa etária, também temos formas
esporádicas da doença, que não têm nenhum fator determinante: nem genético ou
ambiental que se consiga identificar.
Quais
são os sintomas do Parkinson precoce?
Os
sintomas da doença de Parkinson que inicia precocemente podem ser muito
idênticos aos que se desenvolvem em idades mais avançadas. O sinal mais
marcante é a lentidão dos movimentos que começa de um lado do corpo. Então, o
paciente começa a notar que fica mais lento e o braço pode ficar mais rígido ou
a perna mais devagar e mais rígida, assim ele percebe que começa a arrastar o
pé.
E o
tremor também pode ser observado em pacientes mais jovens?
O
tremor não é, necessariamente, obrigatório, apesar de ser um dos aspectos mais
importantes na percepção das pessoas. O achado mais significativo é a lentidão
dos movimentos associada ao tremor ou à rigidez (ou a ambos). Vale destacar
que, às vezes, o tremor pode ser um fator determinante para o diagnóstico.
É possível
confundir os sintomas do Parkinson precoce com outras doenças?
É
importante descartar outras causas quando o paciente começa a desenvolver os
sintomas da doença, antes dos 60 anos de idade. O uso de medicamentos, como
antidepressivos ou outras drogas psiquiátricas, também podem bloquear a ação da
dopamina, que é o neurotransmissor que pode produzir o chamado parkinsonismo.
Quando tem início muito precoce, também é obrigatório investigar se não são
sinais da Doença de Wilson. Então, o paciente deve ser encaminhado a uma
avaliação neurológica.
Como
tratar o Parkinson precoce?
Felizmente,
essa versão precoce do Parkinson é de evolução mais lenta. Entretanto, os
portadores desta patologia podem ter que lidar com as “sincinesias”, que são
movimentos involuntários ocasionados pelo uso da própria medicação. Elas
atrapalham muito a qualidade de vida destes indivíduos jovens, por isso, são
indicadas cirurgias, como o implante do estimulador cerebral profundo (chamado
DBS). Além disso, praticar atividade física é fundamental. Eventualmente,
fisioterapia e fonoterapia são indicadas dentro de programas de reabilitação
multidisciplinar.
Por: Moinhos Critério