Caminhar com o Ressuscitado – Voz da Diocese Domingo 23 de abril

Queridos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Celebramos o Terceiro Domingo da Páscoa, o qual nos apresenta a manifestação do Ressuscitado aos discípulos de Emaús. Assim como aconteceu com eles, hoje também o Cristo Ressuscitado se aproxima de nós, caminha conosco, revela-nos a Palavra de Deus e senta-se à mesa, partilhando o Pão vivo descido do céu e fortalecendo-nos na vivência da fé e em nossa missão.

O relato dos discípulos de Emaús responde à seguinte pergunta: “Onde e como podemos encontrar e experimentar o Cristo Ressuscitado, hoje?” A resposta a esta pergunta é dada ao longo da narrativa. À luz do texto de Lucas, o Cristo Ressuscitado pode ser encontrado e experimentado na caminhada da vida, na escuta da Palavra de Deus, na Celebração Eucarística e na participação comunitária.

O texto inicia descrevendo que os dois discípulos estavam caminhando. Tal caminhar indica a vida de qualquer pessoa que procura a Deus. É o “primeiro dia da semana” (Lc 24,13), o dia da Ressurreição. Os dois não haviam entendido os acontecimentos dos dias anteriores, por isso estavam tristes. A prisão, a condenação e a morte de Jesus na cruz os desorientaram completamente. Será que tudo está acabado? Apesar de ouvirem relatos sobre a ressurreição do crucificado (Lc 12,1-12), a lembrança dos fatos não lhes saía da memória. Para eles, Jerusalém era o lugar da derrota de Jesus. Por isso, retornavam para Emaús, desanimados, como quem perdeu o sentido da vida. Estavam abandonando o projeto de Jesus. E foi neste contexto que o Ressuscitado se fez presente para reacender-lhes a esperança.

Prezados irmãos e irmãs. Jesus, como “peregrino”, aproximou-se e interessou-se por eles. Sua atitude foi de caminhar com eles, escutá-los e descobrir o que os preocupava (cf. Lc 24,15). Desta forma, foi inteirando-se da situação. Esta escuta foi fundamental para entender o que se passava na vida deles. O desânimo, o medo e a incerteza os impediam de enxergar um horizonte diferente.

Além de “tristes”, os dois estavam com os “olhos vendados”, isto é, não tinham compreendido quem era realmente Jesus, pois diziam: “Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram” (Lc 24,21). Depois de caminhar longo trajeto, de escutá-los e dialogar com eles, Jesus percebeu que não tinham compreendido os ensinamentos da Escritura e disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram” (Lc 24,25). Passou, então, a retomar as Escrituras, a fim de ajudá-los a entender a vida e o momento pre-sente: “E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele” (Lc 24,27).

Familiarizados com Jesus, convidaram-no para permanecer com eles: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24,29). Aquele “peregrino” não era mais um estranho. Jesus inspirava-lhes total confiança. Entrou com eles na casa e estando “à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e distribuiu-o a eles” (Lc 24,30). Esse processo os fez descobrir que aquele peregrino era o Res-suscitado. “Então seus olhos se abriram e o reconheceram” (Lc 24,31). A partir daquele momento Jesus “ficou invisível” (Lc 24,31), isto é, sua presença passou a ser vista na Palavra de Deus partilhada, nos gestos de comunhão e solidariedade, nos sinais de vida.

Assim, com o coração aquecido e com os olhos abertos, eles foram impulsionados a sair do desânimo e a se reintegrarem na Comunidade para darem testemunho do Cristo Ressuscitado. Por isso, ao reconhecerem Jesus, retornaram para Jerusalém. O reencontro com a Comunidade os fortaleceu e os reencantou no seguimento de Jesus, pois “Ele ressuscitou!” (Lc 24,6).

Caríssimos irmãos e irmãs. A Palavra de Deus acolhida, meditada e rezada foi mostrando uma perspectiva nova na vida dos Discípulos de Emaús. A Escritura os ajudou a compreender o momento histórico em que estavam vivendo e a perceber a presença do Ressuscitado no meio deles. Abriu-lhes um novo horizonte. A Palavra de Deus fez “arder o coração”, a ponto de deixarem para trás a tristeza e a passarem a olhar para frente com alegria e esperança. Esse é o processo a que somos convidados a vivenciar: o diálogo com Deus na oração, a escuta e meditação da Palavra de Deus, a participação na Celebração Eucarística e o compromisso de testemunhar e anunciar o Cristo Ressuscitado na vida da Comunidade Cristã. Enfim, caminhar sempre com o Ressuscitado.

Deus abençoe a todos e um bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS

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